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Incerto

by colligere

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1.
Livre, meu vôo solitário, que inicio saltando das janelas para os telhados. Livre, um gato desliza pela cidade escura. Leio nesse rendilhado de sensações o roteiro da minha viagem. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. A ambição me chamou, mas eu temi os imprevistos. Agora sei que devo içar as velas e tomar os ventos do destino. Dar sentido a vida pode levar a loucura, mas uma vida sem sentido é a tortura da inquietação e do vão desejo. É um barco que anela o mar, mas o teme. A noite vem buscar brilho de sol esquecido em teu cabelo. Pelos vales e pelos telhados, nos abismos, nas cidades, segue o vento. Não há sonhos. Não há sonhos. Não há sonhos.
2.
Travessia 03:00
Depois de todo tempo morto restam os pedaços de papel. Nós amamos essas lembranças mais do que amamos as pessoas. Na dimensão de tudo o que é perdido eu me lancei, tentando trazer alguma coisa de volta. Num jardim de flores murchas. No espaço das coisas em que não se pode tocar. Procurando aquilo que não existe mais. Um lugar seguro. Não aposte sua vida nisto. Jogue as fichas e veja a roleta girar, mas não espere ganhar. Pegue a estrada. Horas e horas para pensar em tudo o que acaba e muda a cada pensamento. Tudo bem quando chegar. Tudo bem agora. Tudo bem quando chegar. Tudo bem agora.
3.
03 - CONSUMIR O TEMPO Tentando a todo custo dominar a fera que lhe escapa numa série de tempos diferentes. E quando se pensa apanhá-la, ela já não é. Tudo é fugaz, uma corrida atrás do vento. Embaixo da linha que divide o dia da noite, o fotógrafo perdeu a melhor parte. E o que seria se tivesse escolhido o caminho mais curto? Nenhum instante pode ser preso. Relógios deixaram escapar mais uma vez... E eu não vou prender. Não vou perder de novo a chance de ver o sol indo embora, se o horizonte agora é quase cinza. Mais feliz do que podemos imaginar, se pudéssemos sentir. Não espere até o momento de aplaudir o ato. Vem! É esta a mão que anula e despedaça... Nossos pés que dançam sobre escombros. Todos os dias em que não há dança estão perdidos. Todos os dias em que não há dança estão perdidos. Todos os dias em que não há dança até a pele arder, incomodar e nos mover.
4.
04 - SONHOS QUE SONHARAM POR NÓS Não é como olhar o espelho. Alguém esta pintando nosso retrato. Observe. Observe. Então, nós temos tinta na mão, mas ainda pintamos o mesmo. A linguagem que pode libertar, nos mantém trancados. Algemas confortáveis, a segurança da repetição. Procuramos as velhas lições no mesmo quadro. Você pode dançar, mas são eles que tocam. Alguma coisa dentro incita a querer ver tudo mudar, mas... Podemos pagar pra ver alguém pelas estradas que desejamos estar. Emocione-se com a representação. Vista a fantasia. Tudo que está supostamente acabado expressa o passado. Começo-meio-fim é o princípio da não-interferência. O final feliz é o fim das possibilidades. Mas tudo o que temos em pedaços na fantasia pode ser completo na realidade.
5.
Amarga Boca 03:19
05 - AMARGA BOCA Olhando pro futuro através de um retrovisor, você pisa fundo e sem direção. Ok, eu também não sei para onde ir e na certa tenho menos que você. Menos trabalho e menos dinheiro. Menos lágrimas e menos certezas. Eu não sei o que diabos me ensinou a jogar tudo fora e estar sempre correndo, seguro de nada. Às vezes perdido em minha própria direção. E cada minuto me ensina a não olhar para trás. Você diz que não pode amar o que eu me tornei e eu digo que há pouco que eu ainda posso amar. Sugo a mesma fruta que você deixa apodrecer. Sinto o cheiro do que você guarda e tenho náuseas. Sugo a mesma fruta que você deixa apodrecer. Não sou chão firme agora. Então, segure-se! Se quiser caminhos que não podem te garantir um destino. Às vezes perdido, em minha própria direção! Ok, eu também não sei pra onde ir e na certa tenho menos que você! Não, eu não me importo e, por favor... Ah esquece!
6.
Vertigem 03:56
06 - VERTIGEM Olhe para essas mãos que não tem força para arrancar os próprios olhos. Que escrevem por folhas brancas e escrevem por cima de outras linhas também. Escrevo sobre o que não sei. E falo o que nem sempre faço, apenas pra tentar fazer você sentir o que sinto. Desenhei a melhor imagem de mim. Dilacerando corpos, cortando os pedaços de quem eu amava. E arranquei as páginas dos livros e a melodia das canções. Pelas ruas eu andei, colando minhas memórias. Sou os vales e montanhas que meu humor imita. As águas que eu temi e as noites que tentei enfrentar. Nesses dias em que tudo parece estar impregnado do seu contrário. Eu me estilhaço em cacos... E o corpo se refaz a cada instante. Nesses dias em que tudo parece estar impregnado do seu contrário. Pensar incomoda como andar a chuva quando o vento cresce e parece que chove mais.
7.
Urge! 03:42
07 - URGE! Eu digo: não confie na bondade das pessoas. Se alguns têm aquilo que todos precisam haverá conflito. Pedaços pequenos são divididos e nós estamos indo a todo vapor, para onde não sabemos. Necessidades ampliadas. A chave foi roubada e agora eu exijo mais que apenas trivialidades. Sobretudo, eu exijo as coisas boas da vida. E o que eu vou fazer se tudo o que eu desejo é ilegal ou imoral? Irônica e contraditória nossa voz denuncia a vida moderna em nome dos valores que a própria modernidade criou. Se não agora... Se não você... Se não agora, quando? Se não você, então quem? Você que aprendeu a ter olhos te vigiando, bocas dizendo o que é permitido. Estamos cansados de mera informação, de temer o fantasma dentro da máquina. De repente, da calma fez-se o vento e do momento único fez-se a trama. Agora não pode passar. É simplesmente como nós vivemos. Miramos o alvo e atiramos, quebramos a lógica. Desejar ser livres... O que pode nos impedir de tentar?
8.
Quando viaja a voz, que sem a boca continua, sabe calar a palavra quando já não encontra. O momento que a necessita, nem o lugar que a quer? E a boca sabe morrer? Tornei-me mudo porque você nada me fala. As palavras que deixamos escapar, onde estarão? Meu (e seu) silêncio acabará me convencendo... Se respirar, vai se contaminar. Se pensar, vai ter angústia. Se duvidar, vai ter loucura. Se sentir, vai ter solidão. Se perguntar, vai ter medo. E quando pensava ter todas as respostas, mudaram as perguntas. O medo do silêncio atordoa as ruas. E as vozes sem boca me obrigam a escutar o que dizem em meu nome. E o medo continua sendo nosso pior conselheiro. Tornei-me cego, você não me olha. Tornei-me esquecido porque você não me recorda. Não lembra mais! Rumo ao porto ou ao naufrágio, que nos espera esta noite. Não lembra mais! Apenas em quanto pode ser desbotado o vermelho de nosso sangue. E quanto rouco e silencioso pode ser o nosso grito?
9.
09 - TRANSFORMADA EM ESCUDO E ESPADA, A PALAVRA As vozes estridentes daqueles que dão ordens são repletas de medo. E eles bebem nosso vinho convencidos de que é nosso sangue. Que se expanda o batimento do nosso coração. Que se torne eco, ponte, caminho, lugar e casa. Pra que nunca o silêncio seja cúmplice do crime. E a palavra se perca entre os ruídos. Você não pode ouvir os passos até que estejam perto demais. Pensa que é o vento balançando as árvores. Quando os pés já estão quebrando as folhas no chão. Varrendo as testemunhas do velho mundo e celebrando o nascimento de novas flores. Que todos possam entrar na festa que promovem com nosso trabalho. E as paredes não sejam mais prisão, sim abrigo e proteção. Espalhe que a grande notícia já chegou. Chega todo dia, desde o nosso despertar. Somos um enxame atacando um gigante. É fácil confundir silencio com aceitação, mas há pessoas caminhando em todo tempo e lugar. Não vai parar...

about

Rodrigo Ponce - Vocal
Brunno Covello - Guitarra
Gabriel Covello - Baixo
Paulo Abatto - Bateria

credits

released January 1, 2003

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colligere Curitiba, Brazil

O primeiro show do Colligere aconteceu no dia 20 de maio de 2000. O último... ainda não aconteceu.

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