1. |
Lugar Algum
04:56
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Deve haver uma palavra pra sensação de que o mundo vai desmoronar
Vagamos por uma terra desconhecida
Errando por caminhos traçados por outros pés
Não reconhecemos as marcas deixadas nessa trilha
Não reconhecemos as marcas em nossos corpos
Mas nós vamos buscar
Uma cartografia que invente outras formas de se deslocar
Uma economia que invente diferentes formas de se produzir
Do outro lado, era um campo aberto
Ainda sem destino
Como se o mundo acabasse ali
E eu não vou a lugar algum sozinho
Então, por favor, me diga
Todas as maneiras tortas
Pelas quais as coisas passam na sua cabeça
Eu sei que não foi por mal
Eu sei que você tentou me falar
Do outro lado, era um campo aberto
Ainda sem destino
Como se o mundo acabasse ali
Pelo que foi
Contra o que foi
Anuncia o que será
O que foi… não mais será!
O hábito é o que torna o mundo habitável
Você refaz o caminho e encontra tudo em seu lugar
O hábito nos transforma
Se há um lugar pra ir, há pegadas
Se há uma escolha, existe história pra contar
Em cada memória, a chance de recomeçar
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2. |
Bárbaro
02:14
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Um corpo impassível?
Uma alma sem destino?
Uma vida impiedosa?
Quantas batalhas até o império cair?
Sentado sozinho
Esperando por nada
Cercado por gente
Que nada me diz
E eu não falo coisa com coisa
Me sinto o parente que deus nenhum quis
Outro alguém
Dormindo na rua
Não é seu problema
A dor não é sua
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3. |
Miragem
03:55
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Tua presença me faz melhor!
Tocado pela existência alheia e por sua beleza
Não desejo, não quero possuir
Sinto fora de mim
Algo que me faz sentir
Melhor comigo mesmo
Como se não existisse só
Sou um corpo no mundo
Cercado de iguais
Tudo aquilo que respira
Plantas e animais
Quase inalcançável, tão perto de mim
Espelho onde vejo meu melhor..
E o pior
Sinto seu toque, seu cheiro
A espera pela sua voz faz do silêncio canção
Mesmo que mal te conheça
E o que eu penso seja miragem
A semelhança está onde a razão não alcança
O vento que sopra
O fogo, a pedra, a água
Quase inalcançável, tão perto de mim
Espelho onde vejo meu melhor…
E o pior
O animal que sou
A vida que temos em comum
E que será
Mesmo quando eu não mais
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4. |
Entre Nós
03:09
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Dadas as mãos
Há sempre um vão
Entre nós
O prazer toca o limite
Sinto meu corpo fora
Sinto meu corpo no seu
O amor reúne e parte
Vidas não se misturam
Cruzam-se, mostram e escondem
Se eu nunca sou o mesmo
E há sempre tantas diferenças em você
Como posso te encontrar?
Como me reconhecer?
Não cabemos um no outro
Não nos cabe lamentar
Então me deixa estar no seu corpo
Feito tatuagem... em carne viva!
Algo me arrasta
Pra longe, fora de mim
Somos dois neste exílio
Lado a lado, rua sem fim
Ao tocar-te, me afasto
Traçando os contornos de nós
Somos imensos
Incompletos como o amor
Somos puro desejo
Falta
Inclinação
Precipício
Precipitação
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5. |
Abissal
04:02
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Às vezes queria não ter escolhas
Grudado em cada pedaço do mundo
Ser repleto e fechado em mim
Como sino que soa
Como fogo que queima
O animal que vive por viver
Mas há um espaço entre as coisas e eu
Vazio de sentido, um abismo, o indizível, um breu
Mas há um espaço entre você e eu
Vazio... um abismo… Meu desespero!
Queria poder preencher o que falta entre nós
Mas o mundo é um tecido permeável e frágil
Queria poder escapar daqui
Como se pudesse me encontrar em outro lugar
Queria poder escapar daqui
Mudando de lado, buscando outro rumo
Como se pudesse me encontrar em outro lugar
Onde as coisas me dizem por quê
Quando você foi...
Lembrar..
Encheu de dor
O que poderíamos preencher
Com palavras, promessas,
Risadas, mentiras...
Com vida
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6. |
Alma
04:16
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Respiro para controlar a ânsia de encontrar
Algum instante entre o tédio e o sofrer
Lembrar: tenho um corpo
Qual será seu verso?
O cinzel talha a pedra em meu peito
Cada um sente o que é
O lápis marca a folha na minha cabeça
Ninguém sabe o que é
Ausência que é estar aqui
Renunciar o que não se tem
Limites que libertam
De um desejo sem fim
Nada terminou agora
Sempre é tempo de recomeçar
Esquecer de mim
Tornar-me quem sou
Ausência que é estar aqui
Renúncia que não me contém
Limites que libertam
De um desejo sem fim
Sem apego, deixar-se viver
Enfrentar meus demônios
Saber seus nomes
Movo os móveis ao meu redor, mudo a direção
Doem os músculos que movo para respirar
Morro aos poucos, sem dó. Mudas vingarão
Dou ao mundo meu esforço para melhorar… um pouco
Vagar obstinadamente, sem perda de tempo
Deixar meu lugar, ir ao meu encontro
Quem me diz o que preciso? Quantas vozes na minha cabeça!
Viver é guardar algo que não se tem e esperar algo que não vem
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7. |
Luz e Sombra
02:48
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Não é uma máquina mais forte que eu, sim
Uma máquina que usa minha força contra mim
Overdose de relações
Mar de mensagens na garrafa
Dados que ninguém pode processar
Luz que me cega e me seda
Estímulo que me extenua
Triste não lugar
Onde nunca deixamos de nos encontrar
Mais uma dose desse elixir
Sem cheiro, sem cor, sem sabor
Que me dá náuseas da vida
Vomito a frustração presa em minha garganta!
E quando te vejo meus olhos se perdem
Como se não pudessem descansar
E eu não sei dizer o que sinto
Sem poder deletar meus erros
Há algo no olhar que só pode ser visto
Por outro ser, outro alguém
O som da respiração
O cheiro da pele
O toque das palavras
Não há caminho para dentro de mim
Devolver às imagens seu caráter revelador
Deixá-las no escuro
Até que uma memória perdida
Viva pela primeira vez
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8. |
A Velha Religião
03:01
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Há deuses enterrados no meu quintal
Criadores do meu lar
Protetores do que vai chegar
Presto oferendas
Na memória que não lhes deixa
No remorso e na pena
Na gratidão serena
Presto oferendas
No remorso e na pena
Em uma gratidão serena
Na memória que não lhes deixa partir
Nome que não vai se apagar
Conto suas histórias
São minhas também
Lhes encho de glórias
“Era uma voz, um vento, um sussurro
Relampo, trovão e murro
Nos que se lembraram
Ah se eu pudesse, só por um segundo...
Rever os portões do mundo”
E um dia espero estar
Na lembrança de quem eu criei
Perdoado pelos erros
E amado por ser seu pai
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9. |
Desaparecido
05:52
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Como escutar o silêncio?
Como nomear a ausência?
Nem morto, nem vivo
Desaparecido
“O que devo fazer?” se torna “como sobreviver?”
Fazer surgir a evidência
Revelar um segredo
Que sabemos não saber
Contra um poder que faz sumir por razões de segurança
A câmera que protege, nossos olhos não alcançam
Lembrar é mostrar o inexistente
Dizer é negar sua própria negação
E afirmar que estamos aqui!
Sobreviver e ser mais do que nos foi permitido
Erguer monumentos aos desaparecidos
Vocês vão ajudar a desenterrar a verdade?
Este é um dever dos vivos
Não é um trabalho perdido
A emergência de corpos que se quer esconder
A urgência do apelo por um mundo comum
Tornar visível e escutar a falta que se faz presença
Democracia da sobrevivência
“O que devo fazer?” se torna “como sobreviver?”
Por cada crime de nosso passado
Somos herdeiros e responsáveis
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colligere Curitiba, Brazil
O primeiro show do Colligere aconteceu no dia 20 de maio de 2000. O último... ainda não aconteceu.
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